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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

BEIJOS SEM AMOR




Eu acabei de decidir
Que quero naufragar em beijos
Mesmo beijos sem amor
Porque beijar é mais que bom
Porque beijar anestesia a dor
Porque beijar me deixa em torpor
Por isso decidi que quero muitos beijos
Mesmo beijos sem sentimentos, sem amor
Porque sem beijos fico perdido, fico fraco, fico sorumbático
Acho que por isso tornei-me escravo de beijos
Mesmo que todos eles sejam beijos sem amor...
Eu sei que preciso diariamente deles, desses beijos sem sabor
Uma dose inexata e ineficaz, não importa quero esses paliativos
Pois bem sei deles, preciso, afinal estou ainda vivo
Então reafirmo quero tantos e tantos beijos possa beijar
E por isso vou buscá-los seja aonde for
Mesmo que todos os beijos que terei sejam todos beijos sem amor

domingo, 7 de outubro de 2012

EFÍGIE




No jardim de uma vasta casa
Uma efígie estranha habitava
E feito um verme se arrastava
Ao relento ou ao vento
Seja qual for a estação
Chova ou faça sol
Sempre lá ela estava
Muda...
Sentada...
E tristonha.
Seu olhar perde-se no horizonte
De um passado distante
Lágrimas instantaneamente
Rolam pela sua senil face
Falecendo no solo em enlace.
Uma sombra sombria
Em sua mente percorria
E no seu coração já adentrou
Depois fora embora
Sem olhar pra trás
Deixando ser semimorto
Extinto de sentimentos
Presenteando-a com grande angústia
Sugou-lhe a comoção... e a razão
Fê-lo prisioneiro da solidão.

sábado, 4 de agosto de 2012

CIPRESTE





Um dia eu vou morrer
E todos vão me esquecer
Não sei se rápido ou lentamente
Mas vou ser esquecido, vou sim
Numa lembrança perdida ao vento
Numa lágrima que cai sem razão
Numa noticia num canto de mural escolar
Em alguma recordação vã de um ex-aluno idoso
Em algum site de busca da internet
Em algum site de poesia, se ainda existir poesia nesse dia
Em um livro empoeirado em algum canto por ai
E talvez nos parentes remanescentes que sobreviverem
Ah, eu for ser esquecido sim, mas será que eu mesmo vou esquecer-me de mim?
Espero que não, pois vivi a vida toda na contramão da minha existência
Lutando para não perder a essência, ser referência e também incidência
Apesar da insistência de muitos eu lutei até as minhas últimas forças
Eu fiz tudo errado tentando fazer certo, eu fui louco em demasia, eu respirava poesia
Eu chorava de alegria e tristeza, eu me emocionava sem motivo nenhum ou certeza
E dos meus olhos vertiam lagrimas que me assustavam e me encantavam em sincronia
Eu disse coisas impensadas, eu tentei me encontrar, eu tentei amar, eu banhei nu no mar
E escrevia poesias entre um ou outro jato de água fria e entre uma vida quase vazia
Ah, eu escrevia poesias sim, de fato, inexato, a todo o momento, num insight, numa fuga lúdica
Ah, eu escrevi poesias, muitas, eu as relia, eu me surpreendia... ah, ou será que apenas eu sonhava acordado.

sábado, 21 de julho de 2012

INDÍCIOS ILÍCITOS


              
Como fazer para ter vida
No meio de figuras mortas?
Que se enfileiram em ardis minucias
No perambular de cambaleantes vultos
Que se escondem não se sabe onde

E fogem não se sabe de quem
Que deflagram absurdos e veem tudo turvo
Naquele mirante minguante que fica no mais alto cume
Donde jazem as desesperanças e desafetos
Remanescentes do que já foi rastro de alguém um dia.

sábado, 30 de junho de 2012

PRANTO SUCATEADO



Chove dentro de mim
Uma chuva ácida
Um chuvisco dorido
Está chovendo torrencialmente
E por mais que eu tente e fuja
Não consigo fugir da chuva, das nuvens
Desse dia ferozmente nublado...
A chuva molha de cima a baixo
Me molha de todos os lados
Me deixa embriagado, todo encharcado
Todo ensopado de água de chuva
Que não para nunca de molhar e respingar
Chove profundamente aqui dentro, bem no fundo
Chove muito forte, chove e estou sem guarda-chuva
Chove bastante em cima do meu pranto sucateado.

domingo, 27 de maio de 2012

DORES & ODORES



Você chegou do nada
Alternando de supetão
Do estado deveras ausente
Ao presente que só sente
E do modo letárgico
Meio sonâmbulo
Eu passei a atraído
Mais que embriagado
Acho que seduzido
Flechado pelo cupido
Frente ao medo danado
De ser mais uma vez ferido
Por isso às vezes, fujo
Quebro a cabeça, confuso
Perco o controle, entre dores e odores
Pois o sentimento existe
Tão vivo aqui dentro de mim
Se enraizando em explosão
Surge assim um pânico profundo
Ao constatar sem vacilar
Que estou de novo a amar.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

PRA TE VER




Pra te ver... Vou a qualquer lugar
Vou de qualquer jeito
Seja como for eu vou
Pois tenho um grande amor
Guardado aqui no peito.

Pra te ver...
Durmo nas estrelas
Atravesso o mar
Enfrento a imensidão
Tudo pra dar vazão
Ao grande amor do meu coração.

Pra te ver...
Viajo ao horizonte
Ergo os montes
Faço até transplante
Tudo por causa do meu amor
Que é infinitamente grande.

Pra te ver...
Transformo noite em dia
Tristeza em alegria
Prazer em agonia
Satisfação em melancolia
Tudo por que almejo
Ser o alvo dos teus desejos um dia.

Pra te ver...
Vou a lua
Saio nu na rua
Faço gozação
Simulo qualquer situação
Tudo pra ver em você...
A louca explosão da paixão.

domingo, 29 de abril de 2012

O CORVO E A LARVA



















DE REPENTE DO NADA QUE DESAGUA
EU ME PERCO NESSAS ANDANÇAS DA VIDA
NA IMENSIDÃO QUE SE APRESENTA DIANTE DOS OLHOS
E EM MEIO A ESSA NÉVOA EM QUE A EXISTÊNCIA
SE DESFAZ E SE PERFAZ
FICO PERPLEXO PERANTE TANTOS ATOS E FATOS
SEM NEXO E ANEXOS AO FIM DE TODO O RESTO QUE TRAGA
O CORVO CORPO E A LARVA ALMA.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

RASTRO DE POEMAS

Revisitando meus escritos
Antigos e inglórios
Tais quais pergaminhos
Encontrei tanta coisa
Estranha
Até teias de aranha
E amarelidão no papel
Letras de datilografia
Palavras do primórdio
Tudo revelando o tempo
Passante, passado, passeante
De fato tudo passou
Eu não sou mais o mesmo
Hoje gosto de pão com queijo
E veja até de cerveja...
Do amanhã não sei nada ainda
O que sei apenas é que a poesia mora e sempre vai morar em mim
Ela pulsa latente, de forma irreverente, não me deixa ficar ausente
E assim eu sigo rente eu e a poesia, de mãos entrelaçadas, deixando um rastro de poemas.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ORBE





Pra sempre...
A inexatidão das horas
A lacuna da história
A falta de rosas.

Pra sempre...
A imprecisão dos instantes.
A elucubração dos amantes.
A coisificação do antes.

Pra sempre...
A mercê do momento
A espera do fragmento
A galopar no tempo...

Pra sempre...
Tudo tão insipiente.

quinta-feira, 29 de março de 2012

SALA DE AULA



Todo dia..
Eu nasço e morro
Eu sou velho e novo
Eu aprendo e desaprendo
Eu me arrasto e corro
Eu assisto o transitar do ontem e do hoje.
Eu sou o mais e também sou o menos.

Todo dia...
Eu sou amargo e sereno
Eu sou grande e pequeno
Todo dia o nascer do sol me acena
Todo dia na escuridão da noite me perco.
Todo dia menos lembro e mais esqueço.
Todo dia o passado e o futuro me cumprimentam
Na partida e chegada diária e nesse interim
O presente me ignora e faz pouco caso de mim
Todo dia tudo o que eu sou se afasta cada vez mais do meu cais
E o que eu nunca serei naufraga em mar bravio e sombrio
Em meio à tempestade que invade sem aparente alarde
Espalhando medo e deixando a alma dorida de tanta saudade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

GOSTO DE VENENO


Gosto de veneno...
No sereno,
No ameno,
No desenho.


Gosto de veneno...
No terno,
No eterno,
No reverso.


Gosto de veneno...
Na lágrima,
Na lástima,
Na sátira.


Gosto de veneno...
Na boca,
Solta,
Envolta,
No corpo,
De novo em agosto,
No nu e cru desgosto
Perdido na última:
Imagem do teu rosto.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

MARIA FLOR




Maria da Luz andava às cegas pela vida..
Maria da Fé, não acreditava em quase nada.
Maria da Paz estava angustiada por demais.
Maria da Glória ainda não viverá nenhuma.
Maria da Esperança transitava entre esperanças vãs.
Maria da Anunciação não conseguia vender nada.
Maria de Purificação, de pura somente tinha o nome.
Maria do Amparo se recusava a fazer jus ao nome.
Maria Auxiliadora, essa era o cúmulo do egoísmo.
Entre tantas outras Marias estava ela Maria Flor
Que mesmo entre adversidades conseguia ser flor em qualquer jardim.

sábado, 28 de janeiro de 2012

JARDINEIRO SEM JARDIM

Todo dia...
Ela passava
Eu a seguia

Ela andava
Eu me perdia
Ela parava
Eu me encantava.


Todo dia...
Ela vinha
Eu me aturdia
Ela olhava
E me matava
Ela falava
Eu me confundia
Ela sorria
Eu morria


Todo dia...
Era assim
Eu cada dia mais distante dela
E ela cada vez mais próxima sim
Eu sem ela
Ela sem mim
Eu lírio
Ela jasmim
Ela sem jardineiro
Eu sem jardim