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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

TRILHA


Trilha

Andarilhei pelo deserto
Nadei nos oceanos profundos
Explorei os subterrâneos
Depois voei sem rumo
Entre nuvens celestiais
Até chegar às estrelas.
Viajei pelo universo
Passeei pelo céu,
Corri nu no paraíso
Sofri martírios, vivenciei delírios
Tudo enfim que foi possível.
Circulei o astro rei
Reverenciei a lua
Visitei o infinito
E cá de volta a terra
Te encontrei a minha espera.


terça-feira, 16 de agosto de 2011

BIODISTÂNCIA




Ao longe... onde todo dia o sol se esconde.
Bem distante de onde estou nesse momento.
Vejo você indo, sumindo, se diluindo, sucumbindo.
Diante do que parece impossível de acontecer:
A vida quer levar você pra sempre de mim.
Logo agora que a distância que antes te levou
Tornou-se a mesma distância que nos aproximou
E de uma forma louca também nos eternizou.
E por analogia nossa incompleta história se completou.
E se redefiniram todas as juras que perderam o sentido.
Assim como o choro, a luta, o improviso, as brigas,
A falta de juízo e até o voo suicida justificaram sua contrapartida.
E o que outrora pereceria esquecido na distante memória
Tornou-se o ponto de pura convergência e sapiência.
E então mesmo que a vida te leve desse plano físico.
Nada vai nos tirar um do outro, pois o nosso amor ganhou status de bem precioso.
Relicário do que existe de mais valioso.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

SEJA FELIZ



Seja feliz com as pequenas coisas da vida
Seja feliz com o ar que respira cada manhã
Seja feliz pela água que toma quando tem sede.
Seja feliz pelo verde das plantas do planeta.
Seja feliz pelos raios do sol na pele e as gotas da chuva na vidraça da janela.
Seja feliz pela beleza estimulante da natureza
Seja feliz pelas novas vidas que nascem e renascem todos os dias
Seja feliz com o amor que passa por você e você não ver e não crer na possibilidade.
Seja feliz mesmo com as coisas que não consegue ser ou ter.
Seja feliz pelas vezes que a sorte tentou te atropelar e você desviou, se desculpou, se virou e foi embora sem olhar para trás.
Seja feliz mesmo sabendo que muitas coisas não te afetaram porque você não se manifestou a favor ou contra.
Seja feliz por tudo que a vida te deu até hoje, das mais complexas as mais simples.
E caso isso não te apeteça, tente e seja feliz pelo simples ato de estar vivo.
Seja feliz e que Deus te abençoe sempre.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

HORAS VAZIAS




Sei que não sou feliz
e se às vezes choro
é tentando fugir de tudo
querendo esquecer o que faz sofrer
usando o desespero como proteção da solidão
nem sempre isso funciona
e aí a angústia vem em dobro
mesmo correndo feito louco
não dá pra se livrar do sufoco
sem opção simulo outras emoções
e vivo por algumas horas
uma quase doce mentira
que acaba noutra nova decepção.


domingo, 7 de agosto de 2011

Poesia publicada no Livro "Versos para Maria" - Agosto de 2011



Maria

Com o frio vem o vazio
Trazendo aquela ventania
Junto a letargia e a maresia...
E por instantes ouvi sua voz
Revi seu corpo por entre os lençóis
Revivi cada momento
Que ficamos a sós
Foram poucos eu sei
Mas durante esse curto tempo
Eu me entreguei sem limite
Te amei sem escutar palpite de ninguém
Sem jamais olhar pra outro alguém
E com nostalgia reli aquela sua poesia
Que falava de melancolia, de arrelia,
Da noite fria, da mente vazia,
Da fina chuva que caía...
Dos dias sem poesia, sem Maria.

Poesia publicada na Antologia de Poetas Brasileiros Contemporâneos - Vol. 80 - Agosto de 2011





Ele e as estrelas


Ele olhava para as estrelas
Seus olhos não abarcavam a todas.
Ele as contava uma a uma
Elas eram incontáveis.
Ele queria muito ser uma delas
Mas sabia que jamais seria...
Nem ao menos teria o brilho delas.
Ele queria estar onde elas estavam
Mas seu lugar era aqui sem elas
Sem ser uma delas
Ser ter a grandeza delas
Sem ter a beleza vista nelas
Sem ser apreciado como elas
E assim ele seguia seu rumo
Sem ser estrela do céu
Sem ser estrela na Terra.

Conto publicado no Livro "Contos de Inverno" - Agosto de 2011






A descoberta de um sonhado mundo novo



Lequinho era um menininho que vivia sem casa, sem família e sem afeto desde sempre. Tinha 8 anos, contudo era diferente dos outros meninos que com ele viviam na rua. Lequinho se recusava a fazer certas coisas como cheirar cola e roubar. Em vez disso ele preferia sonhar. Apenas sonhar. Ele criara uma fantasia que na verdade uma perversa bruxa o tinha raptado do seu mundo encantado desde que nascera e então como era má, muito má mesmo, resolveu deixá-lo na rua, na esperança de que o garotinho morresse. Contradizendo as previsões da perversa personificação da maldade, o garoto franzino e de boa índole sobreviveu em meio às adversidades do meio em que transitava dia e noite.
Em contrapartida a seu sofrimento Lequinho confiava que um dia como toda estória com final feliz que se preze, apareceria do nada a tal fada boa, a personificação do bem: a esperada fada madrinha que o salvaria e o levaria para o seu mundo encantado. Onde ele seria feliz para todo o sempre junto dos pais e dos irmãos. Sim, diferentemente dos outras histórias infantis, ele não queria ser filho único, queria muitos irmãos para brincar no castelo do seu pai que devia ser rei no suposto mundo encantado, idealizado e esperado.
E assim vivia o Molequinho, que por falta de um nome decente, cortou a primeira sílaba desse apelido e ficou Lequinho, agora sim ele tinha um nome de verdade. Tendo esse sonho fantástico como consolo Lequinho vivia feliz, se não fosse à realidade que o chamava para a razão. A fome, o frio, a falta de amor, a falta de tudo o faziam sofrer e ele fugia do sofrimento todos os dias desde que se entendera por gente.
Um dia algo imprevisível aconteceu de repente. Lequinho fugia da Gang de Baixo junto com seu gatinho preto cujo nome era Torrão. Assim como ele Torrão fora criado na rua e um belo dia Lequinho acordou com aquele gato preto dormindo nas suas costas, bem aconchegado, querendo fugir do frio, do vento, do relento, da solidão. E então ele em vez de espantar o gato, aconchegou-se mais a ele e sentiu que dali para frente sua vida tinha sentido. Aquilo era mágica pura ele concluiu sorrindo contente. Ele tinha a quem amar, não estava mais sozinho. Na certa fora a sua fada-madrinha que mandara o gato para lhe fazer companhia até sua partida para o mundo encantado.
E a partir desse dia todo vez que Lequinho dormia ele sonhava com o mundo encantado e sorria mesmo em sono profundo.
E foi assim que Lequinho junto com Torrão conseguiram fazer a descoberta de um sonhado mundo novo.
Tem horas que o sonho vira sinônimo de esperança. Tem horas que é preciso acreditar no sonho para poder continuar vivendo. Tem horas que nada cabe melhor que um sonho para ressignificar a vida e dá um sentido novo a tudo.
Por isso nunca pare de sonhar e sempre acredite que um dia esse sonho pode se realizar.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

AMOR INERENTE

ANDANÇAS



ANDANÇAS

Meu olhar anda muito.
Meu pensamento também.
Meus pés andam até cansados.
Meus desejos andam num vaivém.
Minhas dores andam ao redor cobertos de suor.
Meus dissabores seguem meu rastro feito cão perdigueiro.
Meus fantasmas, esses não querendo carrego nas costas.
Meus segredos andam prestes a cair em cadafalso.
Meus sentidos andam embriagados, quase anestesiados.
Minhas decepções andam léguas ao meu encontro.
Minhas alegrias andam meio em falso, mas andam.
Meu futuro mesmo andando bastante não consigo avistar.
E embora andando tenho a sensação de não sair do lugar.
Meus medos andam ao lado.
Esperando um passo errado.
Meus amigos que pena não andam comigo.
Meus amores andam a exaustão na contramão.
Por isso tudo em mim anda.
Menos o coração, esse não anda, voa veloz.